sábado, 11 de agosto de 2012

Pai - herói e bandido


                  Muita gente deve considerar que não há nada mais brega do que se emocionar ao ouvir a música “Pai”, cantada por Fábio Jr. Se eu considerar assim, sou um bregão dos bons. Essa música me toca muito. Talvez exatamente pelo fato de um trecho dela descrever muito bem como foi meu relacionamento com meu pai: “Pai, você foi meu herói, meu bandido”.
            Meu amado Oswaldo, meu querido Dinho, meu incrível pai. Ele foi meu herói ao me ensinar sobre muitas coisas, ao me deixar recostar minha cabeça no colo dele e me fazer um cafuné, ao me ensinar algumas coisas do trabalho dele (ele era um mecânico que conseguia descobrir defeitos só de ouvir o ronco do motor), ao contar das lutas que ele enfrentou na vida.
            Mas meu herói também foi meu bandido. A mão que afagou meus cabelos também chegou a segurar uma faca e desferir golpes contra o armário da cozinha, em um dos momentos de descontrole, em seu alcoolismo. Na adolescência cheguei a ir dormir, em algumas noites, temendo que meu pai fizesse alguma loucura por causa da bebida e por eu confrontá-lo pelo vício.
            Sempre sofremos as consequências das atitudes que tomamos. Meu pai faleceu por causa do alcoolismo. A cirrose hepática encerrou a vida do meu amado pai, ainda que herói, ainda que bandido. Isso aconteceu quando eu tinha 16 anos.
            Hoje sou pai dos meus amados André, Marcos e Rafael. Sei que também sou meio herói e meio bandido para eles. Sou o pai brinca de lutas com eles, que abraça e beija, que ensina inglês, que fala do Pai eterno, que faz cafuné. Mas também sou o pai que cobra, que exige, que fala em um tom mais áspero, às vezes, que manda lavar a louça (que terror!).
            Sou filho. Sou pai. Ah, que saudade de meu pai! Ah, que alegria ter meus filhos! Eu não conheci meu avô paterno. Meus filhos também não conheceram o deles. Espero que Deus, o Pai, me permita conhecer meus netos. Voltando à música de Fábio Jr., eu queria muito ter meu pai em minha casa, brincando de vovô com meus filhos no tapete da sala de estar. Mas os caminhos de Deus são mais elevados que os nossos caminhos.
            De qualquer modo, só não quero e não vou ficar mudo pra falar de amor pra você, meu herói, meu bandido, meu pai.

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