terça-feira, 24 de maio de 2011

Amém?


Mas espere aí... Amém como pergunta? Essa palavra hebraica não é usada para fazer afirmações? Para tirar a dúvida, vamos consultar algumas fontes.
            O dicionário Houaiss, na rubrica liturgia, dá a seguinte definição para a palavra “amém”: “usado para expressar uma reiteração formal (p.ex., nas demonstrações de fé)”.
            O Aurélio concorda: “Palavra litúrgica de aclamação, que indica anuência firme, concordância perfeita, com um artigo de fé; assim seja”.
            O “Léxico Grego Analítico”, de Harold Moulton, no verbete grego de amém, afirma que a palavra vem do hebraico (firme, fiel, certo, verdadeiro) e que é usada como uma partícula tanto de afirmação quanto de assentimento. E também cita O Amém, a testemunha fiel e verdadeira, de Apocalipse 3.14.
            No entanto, por modismos que vão passando de boca a boca e mente a mente, mas sem reflexão, o “amém” se tornou uma palavra interrogativa. Será que o problema estaria nisso? Acredito que não somente nisso. Esse tipo de situação acontece com qualquer afirmação que façamos. É algo comum e está correto. Está certo?
            O grande problema fica evidente quando consideramos os motivos pelos quais passaram a usar a palavra “amém” como pergunta que requer confirmação. Ela passou a ser usada por pura e simples imitação. O famoso “Amém, irmãos?” surgiu entre os evangélicos brasileiros que seguiram o que faziam os americanos e muita gente achou isso “legal”.
            As imitações surgem quando não há algo original a ser dito. O “Amém, irmãos?” já virou clichê. E isso ocorre porque os dirigentes de culto e pregadores pecam por não trabalhar mais bem sua fala. Em vez de pensar em uma frase ou pergunta mais bem elaborada, solta-se um “Amém?”, e o povo responde “Amém”, ficando tudo certo, até o próximo “Amém?”.
            Além disso, alguns pregadores e dirigentes litúrgicos parecem sentir necessidade de confirmação do que falam. É como aquele famoso e viciado “né?” dos bate-papos entre amigos. Tenho uma amiga que, sempre que vai contar uma história, diz umas duas ou três frases e solta um “Né, Amor?”, dirigindo-se ao marido. Que confirma: “Éééé”.
            Portanto, esse uso inadequado da palavra “amém” faz com que ela fique empobrecida de sentido, pois é repetida com frequência. Evitar usá-la dessa maneira é bem melhor. A igreja poderá afirmar, quando for o momento adequado, usando o “amém” como quem entende que aquilo que se afirmou é verdadeiro e deve ser considerado assim.
            Essa pequena reflexão tem muito mais o objetivo de cutucar nossas mentes a pensar mais no que aceitamos e falamos. Ou vamos ficar com as mentes tapadas como a do caso do irmão, que ouviu o pastor informar sobre uma irmã que foi parar na UTI de um hospital, e exclamou: “Amém!”. Não podemos ser papagaios. Nossa mente é uma dádiva preciosa que Deus nos deu e deve ser bem trabalhada. Amém? Esqueça essa última pergunta.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Não vai melhorar

Muitos de nós temos observado na maneira agressiva e egoísta como grande parte das pessoas se comportam hoje um sinal de que o fim está próximo. É bem verdade que esse discurso não é novo. Minha mãe e minha avó já diziam isso quando eu era criança. E minha avó já ouvia algo parecido quando ela dedicava grande parte de seu tempo a brincar de roda.


Contudo, os maus modos são cada vez mais evidentes. Não é preciso falar de grandes catástrofes ou guerras para ter esse sentimento de “as coisas estão ficando cada vez piores”. Isso pode ser percebido em um percurso de cinco minutos de carro, período em que você pode levar umas três fechadas, duas buzinadas e uma quase pancada na lateral do seu carro. Sente-se isso de modo bem mais intenso quando se tem de fazer uso de transporte público. Marmanjos sentados nos bancos com cara de “sai pra lá que eu to dormindo”, enquanto senhoras com crianças e idosos tentam aprender a surfar no busão. Nos trens não é possível reclamar da falta de calor humano. Afinal ele pode ser sentido no contato corpo a corpo (empurra, acotovela e aperta) e até mesmo no calor do hálito do outro humano no seu cangote.

Os maus hábitos nos meios de transporte são apenas uma pequena demonstração de quanto as pessoas conseguem ser a cada dia mais maldosas. Pergunte a algum professor sobre os alunos dele e a imensa maioria terá no rosto uma mescla de desilusão e pânico, acompanhada da resposta: “insuportáveis, não sei mais o que fazer”. E o noticiário já tem uma vasta lista de casos de professores que apanharam dos alunos, sem contar os que já foram mortos. É claro que em ambientes assim não se pode esperar algum respeito.

Podemos piorar bastante o quadro quando nos lembramos de que vivemos entre “nóias”, conhecidos polidamente como usuários de entorpecentes. Pela droga eles fazem qualquer coisa, qualquer coisa mesmo. E eles estão nos parques, nos bancos, na padaria, sem que possamos nos precaver de ter de encarar uma ameaça vinda deles.

Se fôssemos nos dedicar a ver todos os casos semelhantes aos que citamos e com os quais convivemos dia a dia, teríamos de gastar muito tempo. O que importa é entender que o quadro é feio, e não vai melhorar. Jesus advertiu: “Naquele tempo muitos ficarão escandalizados, trairão e odiarão uns aos outros, e numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos. Devido ao aumento da maldade, o amor de muitos se esfriará” (Mt 24.10-12 – NVI). Maldade aumentando e amor esfriando, não pode haver coisa mais terrível.

Mas os cristãos esperam no Senhor (Sl 37.9) e devem firmemente exercer o seu papel neste mundo (Mt 5.13-16), guardando no coração a promessa de Jesus: “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt 24.13). Tudo isso vai passar, e rápido. Vamos aguardar com paciência, mas agindo, esperando no Senhor.