terça-feira, 10 de setembro de 2013

Maldito maldizer

Costumamos gostar de coisas bem ditas e benditas, principalmente se forem em referência a nossa pessoa. No entanto, parece que pegajosamente o mal dizer e o maldizer acompanham o abrir de nossa boca. É tão mais fácil falar para o mal do que para o bem. Pior, muitíssimo pior do que isso, parece tão mais... prazeroso.


Esse prazer maligno de maldizer, fofocar, criticar com perversidade, espezinhar, diminuir e, muitas vezes, destruir o outro por meio de palavras, como nos casos de bullying, é algo tremendamente maléfico para todas as partes. No entanto parece não haver prática tão comum, mesmo entres os que se autoproclamam filhos de Deus. Prática que não faz discriminação. Sofrem por ela e dela fazem uso tanto os mais simplórios quanto os de grande vulto na igreja.

Talvez esse pecado da maledicência seja tão comum por pensarem que supostamente não receberão nenhuma punição. Afinal, quantos casos de maledicência ou fofoca já vimos sendo tratados pela igreja com a devida severidade? Há impunidade quanto a essa prática. A igreja tem dificuldade em tratar de situações assim, muitas vezes, por falta de provas, testemunhas, ou simplesmente porque muitos não levam isso a sério. Afinal, maldizer não faz crescer barriga à vista de todos.

Essa ideia de impunidade é enganosa, vilmente enganosa. No sermão da montanha, Jesus advertiu com severidade: "quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo" (Mt 5.22). Vale lembrar que "tolo" é uma palavra bem amena comparada às que se costuma usar para maldizer hoje. Atentar contra uma pessoa por meio da maledicência é se colocar no mesmo nível de quem não teme a Deus, e, assim como ele, estar sujeito à condenação eterna.

Paulo, o apóstolo, apresentou uma relação de pecados de prática constante que são característica de quem não poderá ter os céus por herança: "nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes..." (1Co 6.10). É, pelo que Paulo diz, esse negócio de falar mal dos outros parece mesmo ser bem sério, não é?

A língua é capaz de por em "chamas toda a carreira da existência humana" (Tg 3.6). Tiago também coloca o cuidado com o que dizemos em pontos bastante extremos. Com a língua bendizemos ao Senhor e amaldiçoamos os homens, que são semelhança de Deus, nosso iguais, nossos irmãos, com falhas e erros semelhantes aos nossos, com amores, desejos, dúvidas, esperanças tais quais também as temos. 

Maldizer e bendizer podem andar juntos? De uma mesma fonte pode brotar água doce e amarga (Tg 3.11)? Ah, sim, o problema é a fonte. A boca fala do que está cheio o coração (Mt 12.34). O que jorra de sua fonte?