quarta-feira, 28 de setembro de 2011

É bem melhor mergulhar

Estou cansado do raso. Extenuado do raso das opiniões, dos programas de TV, dos artigos de jornais, dos posts de blogs, Twitter, Facebook, Orkut e outros mais. Tudo isso reflexo do oco das pessoas. Como esse tipo de gente proliferou e pipoca suas rasas falas inconsequentes por todos os meios. Pessoas ocas, foscas, toscas.
Esse comportamento de quem não se aprofunda expõe a infantil alegria de se contentar em brincar na "beirinha" da praia, pular a ondinha, tombar de cara na areia. Seria muito bom se emergisse nas pessoas o desejo de dar braçadas para dentro do mar, enfrentando ondas maiores, saindo da arrebentação, para mergulhar e conhecer as riquezas da profundidade do conhecimento. Conhecimento dado por Deus, que também dá razão, vontade, capacidade, virtuosidade, crescimento, expansão, comunhão.
Calma, calma. Você está lendo isso há alguns segundos, mas já surgiu um pop-up ou uma aba do seu browser está avisando que chegou outro twitter, outro post, outra notícia e você já está louco para clicar lá. Exercite sua capacidade de raciocínio e siga um pouco mais.
Veja só o texto a seguir:
"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza!"
São palavras de Riobaldo, em Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Uma obra fantástica e deliciosa. Mas quem encara sua linguagem difícil em mais de 600 páginas? Encara quem quer mergulhar e sair da "beirinha".
"Como é feliz o homem que acha a sabedoria, o homem que obtém entendimento, pois a sabedoria é mais proveitosa do que a prata e rende mais do que o ouro." Provérbios 3.12-13
A sabedoria é encontrada em Deus, que nos deu os meios para escarafunchar as informações, meditar, refletir e tirar conclusões. Mas os rasos das ideias não agem assim.
"O zombador busca sabedoria e nada encontra, mas o conhecimento vem facilmente ao que tem discernimento." Provérbios 14.6
O zombador, oco, tosco, apenas se suja na lama da praia, reclama do sal ou da areia que entrou pelas narinas que nada anseiam, joga areia nos companheiros da superficialidade. Suas conversas? Ah, são aquelas? "Você viu blusinha da fulana?"; "Parece que vai chover"; "O juiz roubou naquele jogo, meu"; "Político é tudo igual (ah seu eu estivesse lá)"; "O trânsito está cada vez mais difícil"; "Foi uma bênção, irmão".
Não estranhe a citação da bênção. É só uma crítica a nós, evangélicos, que nos amoldamos ao século da superficialidade dizendo frases prontas "abençoadoras".
Eu abusei da sua boa vontade, não é? Aquele pop-up ainda está lá. Vou terminar com um desafio. Escolha um livro que você julgue agradável, mas que tenha bom conteúdo, os clássicos nunca são demais, e faça uma slow reading com close reading (leitura com vagar e atenta), e depois escreva um comentário sobre a obra. Faça isso também com um livro da Bíblia. Aceite esse desafio ao menos por um mês. Depois disso, penso que você estará, se já não está, querendo dar braçadas mais compridas para se afastar da margem.
E depois? Ah, depois é... mergulhar.

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