sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A luz, um rabino, o Capitão América e a escuridão

Em meus tempos de criança católica, lembro-me de meus pais, tios e avós costumarem afirmar com convicção que na Bíblia havia um texto que dizia: "A mil chegará, de dois mil não passará". Carreguei essa ideia em mente até a idade adulta. Na verdade até o momento em que fui confrontado com a Bíblia de fato.

Surpreendentemente para mim, na época, descobri que aquela afirmação não existe na Bíblia. Aliás, uma das coisas que me fizeram refletir mais profundamente sobre os caminhos espirituais em que eu andava foi constatar que após 14 anos como professor de catequese em uma igreja católica, e presidente do grupo de catequese, eu não sabia encontrar vários dos textos bíblicos que o pastor citava durante o culto para o qual havia sido convidado. Eu entendi que uma fé que afirma ter base na Bíblia, mas não a conhece, não pode ser verdadeira.

Quando fui convertido e passei a me aprofundar mais no caminho das Escrituras e da igreja, comecei a ter o temor de que um dia as igrejas evangélicas tivessem membros como a maioria dos das igrejas católicas, meros religiosos. É com tristeza que eu verifico que o aumento dos evangélicos nominais está se tornando uma realidade. Nos Estados Unidos, a Sociedade Bíblica Americana fez uma pesquisa que verificou que a maioria de seus entrevistados entende que a frase: "Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos", foi pronunciada pelo Capitão América. Sim, aquele da Marvel, cujo filme estava nas salas de cinema até bem pouco tempo. A referência a 2Coríntios 4.8-9 sequer circulou pelos neurônios deles.

Um rabino, professor de uma universidade americana, afirmou à rede de tv CNN: “a maioria das pessoas que afirmam ter um amor profundo pela Bíblia na verdade nunca leu esse livro”. Os dados obtidos pela pesquisa parecem corroborar a posição do rabino. O povo que era conhecido como "povo do livro", parece mais ser algo como "povo que diz que ama e conhece o livro, mas tá longe dele".

Aqui em terras brasilianas talvez possamos pensar que a coisa não é bem assim. Será? Outra vez: será? As participações nas aulas de escola dominical de muitas igrejas evangélicas, quando há, demonstram que podemos dizer: "Só os americanos não. Yes, we can, também. Nós aqui também podemos dizer que amamos a Bíblia sem conhecê-la".

"Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para os meus caminhos" é um texto que faz parte das Escrituras. Considerando o que ele afirma, parece que os dias estão ficando mais escuros.

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