sexta-feira, 5 de abril de 2013

Justiça! Desde que seja a minha


       Atrizes se beijando em público, de preferência com muitos flashes, baderneiros subindo em mesas, portas de "armário" se abrindo com as pessoas menos esperadas, editoriais de jornais e revistas no estilo: "Fora Feliciano! Você não nos representa". 

       Quanto empenho e determinação. Vigor sobejando pela "causa". Gargantas abertas para clamar: "Saia!". Vozes que afirmam que não se calarão enquanto não tiverem sua vontade atendida. Tudo isso para tirar um deputado da presidência da Comissão de Direitos Humanos porque, segundo afirmam, ele é homofóbico e racista. Convenhamos que o tal pastor deputado não parece ser uma singela flor do campo que possa ter seu perfume aspirado, mas seria preciso todo esse barulho? É a luta pela realização da justiça?
       Por esses dias, como é rotineiro, noticiários da TV exibiram imagens de pessoas passando horas em filas para ser atendidas. Não. Não se trata de hospitais públicos, o que já é muito ruim. Agora são também os hospitais particulares, pelos quais as pessoas pagam convênios médicos para ser atendidas. Crianças desmaiando, mulheres passando mal, pés quebrados para os quais não há gesso. Caso nos voltemos para os hospitais públicos, falaremos de pessoas a quem é negada qualquer dignidade. Homens e mulheres que são encostados em corredores, até que morram, ou que vão embora morrer em outro lugar.
       Mas mudemos da saúde, ou da falta dela, para o básico dos básicos, a necessidade de água. Também são expostas pela TV as imagens do chão rachado, à míngua, com "Severinos" e "Marias" não sabendo o que fazer com "us minino". E não é de hoje. Graciliano Ramos via esse mesmo cenário quando colocou a cadela Baleia a seguir Fabiano, Sinhá Vitória e seus dois meninos. Gado estorricado, com a vida evaporando pelo calor e secura.
       Mas e as meninas vivendo à beira das estradas perguntando aos "tio caminhonero" se não querem se aliviar por 20 conto? Esbravejamos contra os pedófilos que atacam meninos e meninas de classe média, e devemos fazê-lo, mas e essas outras crianças? Seriam dignas de alguma dignidade reconhecida? Brasileiros e brasileiras se preocupam com elas?
       Mas haveria muitos, e muitos mesmo, outros "mas" que poderíamos citar. Todos eles merecedores da atenção, preocupação, do envolvimento, comprometimento, desprendimento de todos nós. Por esses motivos deveríamos clamar bem alto: "Chega! Chega! Justiça! Fora com os que não cuidam de questões essenciais para a população. Vocês não nos representam". Mas isso não acontece. Não acontece.
       Ah, se essas influentes atrizes, se prolíficos editores de jornais e revistas, se baderneiros que gritam em sobem em mesas estivessem envolvidos nessas causas. Essas sim causas, Causas significativas, importantes, que fazem diferença na vida, e mesmo na morte, de milhões de pessoas.
       Chega então dessa justiça parcial. Basta de valores proclamados por "brothers" que não sabem discernir mão direita da esquerda. Calem suas bocas, se não é para exigir e cobrar as pessoas por motivos verdadeiros. Hipocrisia, mentiras e coerção, sempre de mãos dadas para proclamar a justiça, de alguns, para alguns.
       Nosso Pai, que seja feita a sua justiça.

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